Enquanto lamenta dificuldades na produção por escassez de chips, marca prepara estreia de três veículos elétricos em 2024
A crise dos semicondutores ainda assombra a indústria automotiva em todas as partes do globo. Mesmo a milhares de quilômetros de distância, os problemas na produção da Kia na Coreia do Sul se refletem diretamente no Brasil.
Gustavo Gandini, diretor de operações da Kia Brasil, sente esses efeitos na pele. O executivo disse que a escassez de componentes é o principal obstáculo para o crescimento da marca sul-coreana no país.
“A Kia ainda está sofrendo muito com os semicondutores. Parece que as marcas que vendem carros de entrada estão conseguindo produzir por usarem chips com menos tecnologia agregada, mas estamos focando muito no mercado mais premium, inclusive com uma linha de SUVs híbridos. Poderíamos até retirar alguns equipamentos dos carros para aumentar o volume de produção, mas preferimos entregar produtos com maior valor agregado e mais tecnologia para nossos clientes”.
Meta da Kia proposta para 2023 é viável
Diante das dificuldades impostas na Ásia, que prejudicam as vendas de recentes lançamentos por aqui, o executivo garante que luta para reverter o cenário. Gandini diz que a filial brasileira da Kia negocia volumes maiores para fechar o ano com 8.500 carros, 54% a mais que as 5.500 unidades vendidas em 2022.
“Estamos negociando volumes maiores até por conta dos lançamentos de Sportage e Niro. Só que não esperávamos enfrentar essa dificuldade de produção. O Sportage, principalmente, é produzido na Eslováquia, e a guerra na Ucrânia acaba interferindo também. Há problemas de entregas de peças e de logística, e tudo isso dificulta nossa operação”, complementou.
– Faça a sua inscrição no #ABX23 – Automotive Business Experience
Otimista, Gandini confia que conseguirá atingir a meta proposta para o ano.
“Estamos brigando com a fábrica para chegar a esse número e negociando para conseguir, mas nem eles (a Kia Brasil responde ao escritório regional em Miami) conseguem dizer quando esse problema será resolvido. A expectativa é de melhora em até três meses para, quem sabe, ter um volume mais garantido no segundo semestre, ainda com dificuldades”.
Carros elétricos da Kia, enfim, chegarão ao país
Acompanhando o movimento iniciado na Ásia, a filial brasileira pretende investir forte na eletrificação de sua gama de produtos. Segundo Gandini, o primeiro carro elétrico da Kia no Brasil deve ser lançado “até o começo do ano que vem”, sendo que outros dois carros estrearão até 2024.
“O primeiro modelo a chegar deve ser o Niro elétrico e estamos negociando para ver quem chegará primeiro: EV6 ou EV9. O EV6 foi muito premiado na Europa, onde foi o primeiro veículo coreano a ganhar o título de Carro do Ano. Quanto ao EV9, eu acredito que seja bastante interessante para nosso mercado pelo tamanho e por oferecer espaço interno para sete passageiros”, analisou.
Enquanto as estreias não acontecem, quem lidera as vendas da marca por aqui é o Bongo. O modelo, inclusive, pode aumentar sua relevância dentro da gama em breve, já que sua versão 4×4 promete ser a grande atração da Kia na Agrishow. A maior feira do agronegócio no Brasil acontecerá entre os dias 1 e 5 de maio em Ribeirão Preto (SP).
“O Bongo tem uma fatia muito grande (das nossas vendas) por conta da produção no Uruguai, seguido pelo Sportage. O Stonic ainda briga por volume, e aí temos Niro e Carnival. Inclusive, Niro e Sportage poderiam estar muito melhores se houvesse produção suficiente para atender à demanda”, afirmou.
Rede adota padrão mais premium
A Kia chegou a ter 180 concessionárias em 2011, quando vivia o auge de sua operação no mercado brasileiro. Gustavo reconhece que o cenário atual é bem diferente daquela época, mas projeta um crescimento significativo para o ano que vem.
“Estamos com 60 pontos e abriremos mais cinco de reposição até outubro. Não estamos abrindo novas revendas por conta da produção, mas a perspectiva é de melhora para o ano que vem, quando pretendemos abrir mais 20 pontos de venda para fechar com 85 concessionárias em 2024. Nós sentimos que ainda existem muitas praças que precisam ser atendidas. Temos oficinas para realizar os serviços de pós-venda, mas as lojas estamos segurando um pouco neste momento”, disse.
Enquanto isso, a meta principal não é crescer a rede de concessionárias, e sim readequar os pontos de venda existentes ao novo padrão visual global da empresa.
“As mudanças nas lojas vão muito além da nova logomarca. Nossas concessionárias estão seguindo mais o conceito de butique, com muita iluminação e uso de madeira nos showrooms. Esse é um processo importante e a própria Kia nos cobra isso”.