Recordar é viver: Citroën revela novo C3 Aircross, agora um SUV de 7 lugares

Crossover derivado do hatch compacto resgata nome de minivan e será lançado no segundo semestre

Marcus Celestino

Marcus Celestino

Crossover derivado do hatch compacto resgata nome de minivan e será lançado no segundo semestre

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A Stellantis enfim apresentou ao mundo o novo Citroën C3 Aircross e isso me remete a algo que é da sabedoria convencional: as coisas, usualmente, envelhecem e ganham frescor. São repaginadas de forma que nos levam a crer que eram, de fato, boas.

No entanto, antes que o repórter adentre em suas divagações vamos ao mais importante: o produto. A Stellantis não detalhou, mas o novo C3 Aircross deve chegar ao mercado em quatro versões de acabamento. Preços também não foram revelados.

O SUV será produzido na fábrica de Porto Real (RJ) e, vale frisar que, três meses antes, começa a ser feito na Índia. O modelo é construído sobre uma versão simplificada da plataforma CMP, mesma do C3 lançado em 2022. A tendência é que venha equipado com motor 1.6 EC5 ou propulsor 1.0 Turbo Flex T200. 

Para o primeiro, as opções de câmbio deverão ser o manual de cinco marchas e o automático de seis velocidades. Com o último deve casar transmissão do tipo CVT.

Embora tenha sido revelado oficialmente agora, em abril, o novo Citroën C3 Aircross dará as caras nas revendas apenas no segundo semestre. O SUV terá configurações com cinco ou sete lugares e chega para concorrer diretamente com a Chevrolet Spin.

O modelo da General Motors, aliás, passará por processo de maquiagem a fim de encarar o novo rival. A Stellantis, por sua vez, até desdenha do produto, e coloca seu lançamento no balaio de postulantes à liderança do disputado segmento B-SUV.

Novo C3 Aircross: Nome conhecido, planos diferentes

A cada “troca de guarda”, a geração vigente passa a empurrar tudo de sua época, gosto duvidoso ou não, goela abaixo dos outros mortais. No cinema são remakes, ou versões recauchutadas de obras de sucesso (vide o Episódio 7 da saga “Star Wars”). Na música, subgêneros e bandas de qualidade discutível (como o Limp Bizkit).

No caso da Stellantis, por exemplo, a companhia revive nome de um veículo que não deixou saudade alguma — um modelo que sumiu do mapa de licenciamentos no longínquo março de 2020. Todavia, a alcunha representa a comida quentinha, a cama confortável, o famigerado “no meu tempo era melhor”.

E a Stellantis nos dá comfort food em um momento distinto da Citroën, no qual a marca de origem francesa caminha a passos largos para ter um portfólio, digamos, mais acessível no Brasil. Para, na realidade, voltar a ter de fato um portfólio. 

Isso porque as concessionárias da empresa ficaram durante bom tempo com um showroom triste, composto apenas pelo C4 Cactus. Até a chegada do C3, primeiro produto oriundo do Projeto C-Cubed que, além dele e do C3 Aircross, dará origem a um sedã compacto (será que a Stellantis se arriscaria a chamá-lo de C4 Lounge?).

Além de ampliar a gama de ofertas aos consumidores, a Stellantis pretende com os derivados do Projeto C-Cubed e, por conseguinte com o C3 Aircross, fazer com que a marca ganhe ainda mais terreno em 2023. Vale ressaltar que a Citroën fechou 2022 com participação de 1,86% na seara dos automóveis de passeio.

“Este produto é um marco importante para a Citroën, pois estamos acelerando a expansão da estratégia dessa marca no continente”, destacou Antonio Filosa, presidente da Stellantis América do Sul.

“É um passo gigante, pois vai aumentar nossa participação de mercado e vamos competir num segmento importante”, enfatiza Vanessa Castanho, vice-presidente da empresa. “Este será um modelo acessível tanto na compra quanto na utilização”, completou a executiva.

Citroën quer vender mais fora da Europa

A Stellantis parece entender do riscado, sobre como funciona nossa região. Tanto é que a Citroën, conforme já mencionamos, vem crescendo de maneira substancial no Brasil, nas Américas e na Índia. 

No continente sul-americano, foram 21% a mais em emplacamentos no ano passado. Já na Índia-Ásia Pacífico, o número cresceu em 57%. Contudo, o mais importante é o seguinte: a Citroën pretende vender 30% veículos a mais fora da Europa até 2025. Para isso, precisa de força, claro, no Brasil.


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“Nosso objetivo é aumentar a presença na América do Sul e Central, além de consolidar a nossa posição forte na Argentina e seguir com o crescimento que já vem ocorrendo no Brasil”, comentou Vanessa Castanho.

Ainda de acordo com a executiva, em termos de volume de vendas, o C3 Aircross deverá ficar parelho com o C3. No entanto, ganha é um produto que agrega market share mais interessante.

Além disso, por se tratar de um veículo que pode ter cinco ou sete lugares, pode agradar aos frotistas. E é aí que, mesmo sem a Stellantis admitir, o novo C3 Aircross apertará o calo da Chevrolet Spin.

Números e visual

No evento realizado nesta quarta-feira, 26, a Citroën pouco falou acerca de dados concretos do seu novo produto. Se limitou a dizer que ele tem 4,32 m de comprimento (34 cm a mais que o C3), 2,67 m de entre-eixos e 1,8 m de largura. O vão livre é de 20 cm.

O porta-malas, segundo a marca de origem francesa, tem 482 litros de capacidade na configuração para cinco lugares e a variante de sete lugares tem 511 litros — isso com o rebatimento da terceira fileira de bancos.

Em termos visuais, dá para notar que a grande distinção do C3 Aircross ante ao hatch está na grade dianteira, na cor do veículo. Mais “parrudo”, o SUV dispõe ainda de entradas de ar mais evidentes e carroceria mais avantajada na região das caixas de roda.

Na traseira, o modelo traz uma bela barra em preto que passa pelo logo da Citroën. Esta barra parece conectar as lanternas com design que exprime elegância.

Por dentro, temos inúmeras similaridades entre C3 Aircross e C3, como a central multimídia de 10 polegadas e conectividade com Android Auto e Apple CarPlay. Diferenças mesmo apenas na segunda fileira, com saída de ar-condicionado no teto e, claro, o acesso à terceira fileira de bancos. 

Preços do novo Citroën C3 Aircross

Se a Stellantis pouco falou sobre características básicas do produto, quiçá preços. No entanto, se apostássemos em um bolão, diríamos que o SUV poderia partir da casa dos R$ 100 mil. Segundo interlocutores, o valor pode ficar até um pouco abaixo disso.

Tal evidencia a agressividade da Stellantis, que bate na tecla da “acessibilidade” em todos os quesitos para os veículos Citroën. “Acessibilidade” essa que se justifica.


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Por se tratar de projeto baseado na arquitetura CMP, tem a facilidade de contar com manutenção mais em conta (tal qual o C3). E, mais relevante, ter alto índice de fornecedores brasileiros. O índice já deve começar na casa dos 70%, com tendência de aumentar com o tempo.

Resta saber se o novo C3 Aircross fará sucesso tal qual um remake cinematográfico bem engendrado ou se, assim como o veículo do qual “roubou” o nome, será uma simples banda de Nu Metal

Se o repórter puder emitir uma opinião, cravaria no êxito do produto. O compararia, veja só você, com “Nada de Novo no Front”, produção da Netflix lançada em 2022 e inspirada no clássico filme de 1930.

Por fim, importante ressaltar que o modelo também será comercializado na Europa com as devidas adaptações. Além disso, segundo os executivos da marca, o SUV já está devidamente preparado para receber uma versão eletrificada no futuro.

C4 Cactus segue em produção 

Incautos creditavam à chegada do C3 Aircross o fim do C4 Cactus. Todavia, segundo Vanessa Castanho, o produto ainda tem espaço e segue no portfólio da Citroën.

“Acreditamos que, embora sejam B-SUVs, tanto C3 Aircross quanto C4 Cactus tenham espaço para conviver sem problemas. São produtos que atingem clientes diferentes”, enfatiza a executiva.

O C4 Cactus, vale dizer, será reestilizado. De acordo com interlocutores, o modelo deve seguir em produção até, pelo menos, 2025.