Montadora lança no país a linha Plus, com modelos mais baratos e equipados com motor que atende regulamentação Euro 6
Se a situação não está fácil no segmento de veículos leves em termos de vendas, as coisas também não vão bem no mercado de veículos pesados. Crédito e o preço são fatores comuns aos dois que afastam os clientes das concessionárias. As semelhanças seguem nas soluções buscadas pelas montadoras dos dois lados: a oferta de modelos mais simples e mais baratos.
Na sexta-feira, 26, a Scania apresentou ao mercado uma linha de caminhões que tem como principal apelo um preço final que possa ser atrativo ao frotista que está enfrentando algum tipo de limitação no campo financeiro. A versão Plus, equipada com motor que atende às normas do Euro 6/Proconve P8, chegará à rede de distribuição na segunda metade de junho.
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“A Scania planejava um certo volume de vendas para o ano, mas o cenário econômico esfriou o mercado, além da troca de tecnologia do Euro 5 para o Euro 6. Depois de ouvir alguns clientes, chegamos até a oferta de um caminhão que entrega potência e preço mais competitivo”, disse Alex Nucci, diretor de vendas da montadora.
As duas versões Plus, R450 e R540, terão um preço de 7% a 8% menor do que os seus pares standard, equipados com o motor Euro 6 Super de 13 litros. As configurações disponíveis são 4×2 e 6×2 (R450) e 6×4 (R540).
No campo técnico, há diferenças entre os dois modelos. Os caminhões da linha Plus possuem diferencial, caixa de câmbio e sistema de tratamento de gases diferentes da linha standard. Na prática, segundo Nucci, é uma plataforma de motor Euro 5 que passou a contar com um sistema de filtros que faz com que o powertrain se enquadre nos parâmetros do Euro 6.
Linha Plus é exclusiva ao mercado brasileiro
Mas, por que a montadora não utilizou esta solução antes para atender à nova norma de emissões, já que é simples e de fácil desenvolvimento? Acontece que o motor Euro 6 Super que equipa as versões standard/topo de gama da montadora é um componente global desenvolvido na Suécia para atender uma enorme gama de mercados com a mesma configuração.
A solução adaptada a partir da base Euro 5, disse Alex Nucci, não atenderia as regulamentações de emissões de muitos países, o que mostra que a linha Plus é algo específico para o mercado brasileiro e que surge, portanto, como uma forma de ajudar a empresa a vender mais veículos no país.
“Nossa expectativa é a de que os caminhões Plus fiquem no mercado pelos próximos dois ou três anos, que é o tempo que estimamos para que o mercado volte a proporcionar patamares maiores de vendas”, contou o executivo.
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Segundo dados da Anfavea, os licenciamentos de caminhões realiados no quadrimestre superou em 0,6% o volume registrado em igual período no ano passado, somando 36,4 mil unidades. Vale ressaltar que a indústria considera o janeiro-abril do ano passado uma base baixa de comparação. A produção, por sua vez, caiu 29%, chegando a 31,7 mil unidades.
Ainda de acordo com o executivo da Scania, a linha Plus chega para atender a um segmento específico do mercado. Não estamos falando de frotistas ligados ao agronegócio ou à mineração, setores que segundo Nucci têm condições de renovar suas frotas com as versões topo de linha.
O público-alvo dessas versões mais baratas são transportadores ligados ao varejo e à indústria, setores que, na comparação com o agronegócio, sofrem mais em termos de crédito. “O Plano Safra dá mais segurança ao frotista cujo negócio está ligado ao agro. A indústria sofreu muito mais e afetou transportadores que utilizam caminhões com implementos frigoríficos, sider e baú”, disse Nucci.
A Scania não foi a primeira a simplificar um modelo da oferta para atender às demandas do mercado. No ano passado, a Mercedes-Benz criou uma versão mais econômica do modelo pesado Actros. Neste caso, a companhia desenvolveu uma cabine que, apesar de se chamar Space, é menor em altura na comparação com versão atual do modelo. A sua concepção foi baseada em exigências do mercado, a principal delas, o preço.
“Há um extrato de clientes de transportes rodoviários que é sensível ao preço, cerca de 50% do mercado, e em função disso achamos viável construir uma cabine mais econômica”, disse à época Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas. “Colocamos o Actros no spa”, completou.