Tesla compra matéria-prima de empresa líder em violar direitos humanos

Mineradora Glencore acumula pelo menos 70 acusações de crimes de corrupção e más condições de trabalho

Redação AB

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Mineradora Glencore acumula pelo menos 70 acusações de crimes de corrupção e más condições de trabalho

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A Tesla compra matéria-prima da empresa de mineração com o maior número de denúncias de violação de direitos humanos existente em um banco de dados de abusos vinculados à energia limpa. Os insumos servem para a produção das baterias dos carros elétricos da montadora.

É o que revelam dados do Centro de Recursos de Negócios e Direitos Humanos, organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos. O levantamento mostra que a mineradora Glencore acumulou pelo menos 70 acusações desde 2010, incluindo crimes de corrupção e más condições de trabalho.

De acordo com o site “The Verge”, tanto a Tesla como a Glencore dizem que tomam medidas para lidar com os danos causados ​​pelas operações de mineração, mas este é o segundo ano consecutivo que a mineradora lidera a lista do Centro de Recursos. Mais da metade das alegações documentadas em 2022 estão ligadas a apenas cinco empresas, entre elas a Glencore.


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O relatório anual recém divulgado pelo Centro diz ter encontrado 65 novas denúncias em 2022, das quais cinco foram feitas contra a Glencore e outras quatro envolvem joint ventures nas quais a mineradora está envolvida.

Corrupção entre mineradoras dispara

A corrupção foi um problema crescente para a Glencore e para o resto da indústria no ano passado, de acordo com o relatório. No ano passado, houve quatro vezes mais alegações de corrupção contra mineradoras do que em 2021. Em um caso, a Glencore se declarou culpada de suborno estrangeiro e acusações de manipulação de mercado e concordou em pagar US$ 1,1 bilhão em multas. 

A Glencore e suas subsidiárias “subornaram intermediários corruptos e autoridades estrangeiras em sete países por mais de uma década” e “minaram a confiança do público, criando a falsa aparência de oferta e demanda para manipular os preços do petróleo”, destaca o Departamento de Justiça dos EUA. 

Na Zâmbia, país do sul da África, a Glencore enfrenta outra investigação da Comissão Anticorrupção do país por supostos pagamentos feitos pela empresa a um partido político.

Violação de direitos trabalhistas na África e na América Latina

Duas outras acusações contra a Glencore envolvem os direitos dos trabalhadores em minas na República Democrática do Congo, Peru e Colômbia. Em 2022, o “The Verge” relatou as precárias condições de trabalho em uma mina de cobalto que a Glencore opera no Congo. 


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Os trabalhadores contaram ter pouca água ou comida enquanto trabalhavam longas horas em um calor sufocante. Na época, um porta-voz da Glencore disse ao site que os trabalhadores tinham acesso a “tanta água quanto precisassem” de estações de água em áreas comuns e enfatizou o compromisso da empresa com a saúde e a segurança dos trabalhadores.

A Tesla fez um acordo para comprar um quarto do cobalto produzido pela mina, segundo reportou a agência de notícias Reuters em 2020. A montadora também comprou níquel de uma mina da Glencore na Austrália, de acordo com  os relatórios de impacto de 2021 e 2022 da Tesla. 

O relatório de impacto de 2022 da fabricante de carros elétricos diz que a empresa visitou minas de cobalto no Congo em novembro passado e analisou reclamações de ONGs e estudos acadêmicos relacionados às condições de trabalho.

A empresa também afirma que removeu 12 fornecedores de cobalto e 29 fornecedores de níquel “devido a preocupações com a devida diligência da cadeia de suprimentos após uma tentativa de mitigação de risco”, mas a Glencore não aparece entre eles.

O cobalto é conhecido como “o diamante de sangue das baterias”. Pesquisas mostram que em todo mundo as cadeias de fornecimento de energia limpa estão repletas de irregularidades, o que evidencia a importância de reduzir a quantidade de minerais brutos necessários para as novas tecnologias, ponderam os pesquisadores do Centro de Recursos de Negócios e Direitos Humanos.