Mesmo com os incentivos, panorama de vendas de automóveis para 2023 segue inalterado

Anfavea manteve inalteradas as suas projeções para o ano, apesar do programa federal de descontos para veículos novos

Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

Anfavea manteve inalteradas as suas projeções para o ano, apesar do programa federal de descontos para veículos novos

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O primeiro mês da vigência do pacote de incentivos para compra de veículos novos se encerrou nesta primeira semana de julho, e tanto governo federal quanto as montadoras e concessionários classificaram como algo positivo  o volume adicional que o programa proporcionou nas vendas de modelos leves.


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Segundo dados divulgados pela Anfavea na sexta-feira, 6, os licenciamentos feitos por clientes pessoa física em junho chegaram a 55 mil unidades. Resultado 51% a mais sobre o de maio em função dos efeitos dos descontos patrocinados pelo pacote emergencial.

De acordo com o presidente da entidade, Marcio de Lima Leite, o volume foi ainda maior, mas os emplacamentos desta leva citada pelo representante das montadoras será computado no Renavam apenas neste mês. Vai refletir, portanto, no balanço de julho da associação.

Ainda que as vendas para as pessoas físicas tenham sido o destaque do discurso de Leite, e também do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, durante a apresentação dos resultados da Anfavea, foram as vendas corporativas que acabaram turbinando os negócios.

Julho teve recorde de emplacamento diário

Era de se esperar, e a própria Anfavea contava com isso semanas atrás, como podemos ler aqui. Enquanto o acesso ao incentivo ficou restrito às pessoas físicas, o ritmo diário das vendas flutuou na média vista em outros meses, entre 6 e 8 mil unidades, nos melhores dias.

Na sexta-feira, 30, quando empresas puderam usufruir dos descontos por meio de portaria expedida pelo Ministério do Desenvolvimento, da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), os emplacamentos saltaram para 27 mil unidades.

Nos últimos dez anos, não houve um volume de emplacamento diário maior do que esse. As 27 mil unidades também representaram o terceiro maior volume diário de venda da história do país.

O pacote de descontos surtiu efeito nos resultados do setor, e cumpriu o seu papel de agregar mais volumes às vendas, garantir os empregos e atender a uma demanda do mercado, nas palavras do presidente da Anfavea.

Montadoras de veículos ainda dependem, e muito, das locadoras

Por outro lado, desvelou ainda mais a dependência que as montadoras têm das demandas de frotistas para se vender mais automóveis no mercado brasileiro. Entre as pessoas físicas, crédito restrito e financiamento caro permanecem como entraves ao consumo e impede as montadoras de sonhar, pelo menos por ora, com vendas maiores nesse estrato.

Este cenário deverá permanecer pelos próximos meses, com uma produção em ritmo brando para atender às demandas reprimidas das locadoras. E com a expectativa de que a taxa de juros, enfim, seja reduzida até o fim do ano a um patamar menor do que o atual, viabilizando um financiamento mais barato.

Tanto que, mesmo com as vendas a mais proporcionadas pelo pacote de incentivos, a Anfavea não se animou a alterar as projeções de produção, vendas e exportações para o ano.


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Nem a reforma tributária, que avançou em votações favoráveis na Câmara do Deputados, e agora segue para o crivo do Senado, levou a entidade a revisar os seus prognósticos para 2023.

“Não tenho dúvidas que trará investimentos e simplificação para o setor, mas ainda é muito cedo para que possa gerar algum resultado de venda, de redução de preço dos veículos”, disse o presidente da associação.

O que sim poderá acontecer num prazo mais breve, é uma possível redução do custo administrativo que a atual cesta fiscal impõe às montadoras. Segundo Leite, esse custo chega a US$ 4 bilhões por ano, ou 1,2% do faturamento total do setor.