VW espera 2º semestre forte com reforma tributária e queda dos juros

Ciro Possobom, CEO da montadora no Brasil, crê que sinalização de melhora na economia possa contribuir para o desempenho da empresa na segunda metade do ano

Marcus Celestino

Marcus Celestino

Ciro Possobom, CEO da montadora no Brasil, crê que sinalização de melhora na economia possa contribuir para o desempenho da empresa na segunda metade do ano

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A Volkswagen pretende ir para o quarto ano no azul no Brasil. Para tal, além de um “portfólio robusto e de oferecer melhor experiência aos consumidores”, quer surfar no bom momento do Polo. O hatchback foi o carro de passeio mais vendido no mês de junho, superando a Fiat Strada e o Chevrolet Onix. No primeiro semestre, o modelo teve 37.722 unidades emplacadas – o que o deixa na terceira posição no ranking de licenciamentos.

De acordo com Ciro Possobom, CEO da Volkswagen do Brasil, o desempenho do compacto é fruto de planejamento e, claro, da introdução do Polo Track. O modelo chegou com a difícil missão de substituir o tradicional Gol, até então o carro mais barato da montadora de origem alemã em nosso mercado.

“Estamos em um ótimo momento”, celebrou Possobom, em entrevista à Automotive Business. “Esse momento ocorre graças a um planejamento muito bem-feito lá atrás. O Polo Track, por exemplo, foi muito bem pensado para que pudesse ser posicionado como um novo veículo de entrada, acessível e extremamente atrativo para o consumidor brasileiro”, complementou o executivo.

Incentivos do governo fomentaram vendas do Polo

Os bons números do Polo, especialmente em junho, podem ser ainda atribuídos ao pacote de incentivos concedido pelo governo para carros até R$ 120 mil. “Houve um aumento no fluxo de loja impressionante, coisa que não víamos há muitos anos”, comentou Ciro Possobom. O executivo frisou que o cliente “pessoa física consumiu praticamente todo o estoque do mês”, enquanto frotistas aguardaram a abertura dos benefícios para pessoas jurídicas a fim de faturarem. 

“Houve um pequeno descompasso por isso, mas voltamos ao normal já na última semana de junho”, ressaltou Possobom. Segundo dados do Renavam, 27 mil unidades foram licenciadas no último dia do mês. Isso contra um patamar que girou em torno de 8 mil unidades/dia no início do período.


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Não à toa, os trabalhadores da Volkswagen sediados na unidade de Taubaté (SP), que fabrica o Polo Track, voltaram às atividades na semana passada. A montadora, assim como a concorrência, vem ajustando o estoque durante o semestre. Dessa forma, interrompe as linhas de produção justamente para adequar o volume à demanda. 

CEO da Volkswagen prevê “forte” segundo semestre

Ciro Possobom crê que os bons ventos continuem a soprar para a Volkswagen do Brasil na segunda metade do ano. Isso muito em decorrência, segundo o executivo, do cenário econômico positivo.

“O que espero no segundo semestre é que essa melhora que estamos vendo na economia e, principalmente, a sinalização de juros um pouco mais baixos se traduzam num mercado mais forte do que o previsto”, destacou. 

O CEO da VW do Brasil crê ainda que a indústria seja favorecida pela reforma tributária. Aprovada na Câmara dos Deputados na última semana, simplifica e une impostos, bem como prevê IPVA reduzido para veículos com menores índices de emissões de gases poluentes.


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“A passagem da reforma tributária é muito importante, simplifica a vida da sociedade. Para nós, como indústria, também é muito positivo. Além de ter uma carga tributária menor na parte do produto, descomplica bastante a vida de quem está na ponta”, comentou.

Todavia, é importante salientar que, com mudanças realizadas no texto da reforma aos 45 do segundo tempo, o Imposto Sobre Valor Agregado (IVA) no Brasil pode ser um dos maiores do mundo. Além disso, foi adicionado artigo à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que libera governadores de até 17 estados a criarem contribuição sobre produtos primários e semielaborados com o objetivo de financiar obras de infraestrutura e habitação.

O novo tributo supracitado seria, então, somado à alíquota padrão do IVA. A medida é vista com certa preocupação por especialistas e alguns setores, visto que age como o oposto da reforma e também pode fazer com que a balança comercial brasileira penda para o negativo.