ZF promete mais desempenho e potência para carros elétricos

Motor compacto de 800 volts e nova transmissão estarão no Lotus Eletre; sistemista desenvolve outras novidades para o segmento

Mario Curcio

Mario Curcio

Motor compacto de 800 volts e nova transmissão estarão no Lotus Eletre; sistemista desenvolve outras novidades para o segmento

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Uma nova família de motores compactos de 800 volts, além de caixas de redução de alta eficiência e suspensões inteligentes prometem melhorar o desempenho, conforto e segurança da próxima geração de veículos elétricos. Ao menos é o que promete a ZF.

A fabricante alemã vem desenvolvendo os componentes e a tecnologia estará no aguardado Lotus Eletre. O novo motor EVSys800 da ZF seria capaz de fornecer densidade de torque de 70 Nm/kg, o que significa 30% a mais do que projetos já existentes.

“Ele é muito leve e compacto. Tem 80 quilos, mas fornece potência nominal máxima de 300 kW [402 cv]”, garante o chefe de mobilidade elétrica da ZF, Otmar Scharrer.

Alguns dos componentes estão sendo simulados em um demonstrador de tecnologia baseado em um Porsche Taycan com tração traseira, que a ZF apelidou de EVbeat. Este novo motor ZF usa carcaça de liga leve para manter o peso baixo.

No interior, um enrolamento trançado elimina 200 soldas a laser. A tecnologia permitiu a redução de 10% do tamanho do induzido, assim como o aumento da potência em 50%.


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O gerenciamento térmico é outro ponto fundamental desse novo projeto. Com ele, o motor EVSys800 seria capaz de operar por períodos prolongados com 75% de sua potência de pico, o que equivale a 302 bhp (306,2 cv) no Lotus Eletre, por exemplo.

Outro destaque do powertrain ZF elétrico de terceira geração é o sistema de tração, que incorpora funções de caixa de redução, diferencial e é mais silencioso por causa da otimização do desenho dos dentes das engrenagens.

Suspensão integrada ao motor elétrico ZF

A ZF também desenvolveu um novo sistema inteligente de suspensão que se integra ao motor elétrico a partir do controle de um software centralizado, que a ZF chama de Cubix. O Lotus Eletre também usará esse sistema com a promessa de comportamento dinâmico ainda melhor.

O Cubix atua na verdade como um supercomputador de bordo capaz de controlar amortecedores, direção e freios. Ele também pode se integrar a componentes fornecidos por outras empresas. A suspensão multilink Easy Turn, da ZF, em desenvolvimento há três anos, apresenta um braço inferior e um pino-mestre exclusivos.

O sistema de direção é capaz de atingir 80 graus de esterçamento, enquanto a maioria alcança 45 graus. Em um BMW i3, o raio de giro é reduzido de 10 metros para 6,8 m. Quando combinado ao esterçamento do eixo traseiro, diminui ainda mais, para 5,7 metros. O efeito é surpreendente e o benefício se torna ainda maior em veículos grandes.

A suspensão também é dotada de um sensor que mede a movimentação e ângulo da roda dianteira. Ele fornece informações detalhadas sobre a condição das vias, como buracos, superfícies irregulares e impactos mais fortes.

Cinto com aquecimento

Exibido pela primeira vez na Consumer Electronics Show (CES) no começo do ano, o cinto de segurança com aquecimento chega como aliado neste ganho de eficiência dos conjuntos elétrcos.

A peça leva alguns segundos para atingir uma temperatura alta o bastante para eliminar o desconforto dos ocupantes em um dia frio. Fios metálicos finos e resistentes são aplicados na trama do cinto.


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Ao concentrar uma pequena quantidade de calor direto no corpo, evita-se o desperdício da energia que seria usada para esquentar toda a cabine. Cada cinto consome apenas 68 watts, enquanto o sistema de aquecimento usa 3,5 mil watts. Em países ou regiões de baixa temperatura, onde a autonomia dos elétricos já é baixa, estes cintos aquecidos representam alguns quilômetros a mais entre cada recarga.

Tecnologia de segurança passiva

Uma tecnologia para cintos de segurança tem novas funções integradas. A principal é um retrator motorizado, maior e mais potente, controlado por um microprocessador de 32 bits e capaz de emitir avisos táteis e lidar com um ocupante fora de posição.

O cinto é ligado a um sensor capaz de perceber a sonolência do motorista. Diante da desatenção, ele gera pulsos sobre o corpo do motorista de forma a acordá-lo ou mantê-lo atento. E durante uma frenagem brusca ou antes da ativação do airbag, o retrator elétrico gera um puxão forte o bastante para colocar o ocupante de volta na posição correta sobre o assento.