Em entrevista, Vanessa Castanho, VP da marca francesa, aposta no sucesso do carrinho elétrico e do C3 Aircross dentro das estratégias da empresa
Não é exagero dizer que o surgimento da Stellantis salvou a Citroën da extinção. A empresa nascida da fusão de FCA e PSA em 2021 trouxe novo fôlego à centenária marca francesa, que vivia um momento crítico no Brasil ao lado da conterrânea Peugeot.
Sob nova gestão, a marca passou por um reposicionamento radical na América do Sul e especialmente no Brasil. Se antes a Citroën fazia questão de ser vista como uma marca requintada, hoje ninguém esconde que o foco está na acessibilidade.
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Como em toda mudança, houve o impacto inicial, a fase da adaptação e agora a Citroën já colhe os primeiros frutos dessa nova estratégia. Até julho deste ano, a marca já tem 1,5% de participação de mercado, somando os resultados de automóveis de passeio e comerciais leves. E caminha rumo aos 4% almejados para o fim de 2024.
Quem está feliz com tudo isso é Vanessa Castanho. Em entrevista concedida com exclusividade à Automotive Business, a vice-presidente da Citroën América do Sul celebrou os bons números do novo C3 e não escondeu a expectativa pela chegada de dois modelos completamente diferentes entre si: o Ami e o C3 Aircross.
Ami é inovador e tem sorriso de série
O Ami ganhou as manchetes após a confirmação de sua venda no Brasil. Chamado de “solução de mobilidade” em vez de carro, o pequenino Citroën deve estrear antes do fim do ano e não poderá ser utilizado em vias públicas. Portanto, o Ami deve rodar apenas dentro de fábricas, condomínios e empresas.
“Vamos trazer o Ami para o Brasil e para a América Latina porque ele é uma solução de mobilidade que é a cara da Citroën”, afirmou Vanessa.
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“É extremamente inovador e um sucesso na Europa, onde crianças de 14 anos podem dirigi-lo, até por conta da limitação de velocidade de 45 km/h que transmite segurança. Tem uma autonomia de 80 km para que você realize a mobilidade que precisa e é super disruptivo”, complementa.
Vanessa ressaltou que o Ami é divertido e tecnológico sem deixar de ser acessível, embora a Citroën não tenha revelado por quanto o modelo será vendido.
“Eu brinco que o Ami é nossa solução de mobilidade que vem com um sorriso de série (risos). É impossível não sorrir estando dentro do Ami e dirigindo-o. As portas abrem cada uma para um lado, primeiro porque é muito legal e depois por ser a mesma peça, e assim existe uma redução de custo nisso. É muito importante oferecer uma solução de mobilidade acessível. Então, quando conseguimos isso, estamos alinhados com as expectativas e necessidades desse mundo em transformação que estamos vivendo”.
C3 Aircross é esperança para reforçar vendas da Citroën
Quem divide os holofotes com o Ami é o C3 Aircross, que é um dos lançamentos mais importantes da Citroën para este ano e também um dos mais esperados de 2023.
O modelo foi revelado em abril, mas só será lançado oficialmente no último trimestre. Segundo Vanessa, o SUV foi muito bem recebido nos mercados onde a Citroën está presente na América do Sul.
“Nossa rede está super motivada e os clientes também estão muito ansiosos pela chegada do produto. É um carro que tem impacto por ser muito atraente e é reconhecido pelo design, assim como todos os produtos da plataforma C-Cubed, que começou com o novo C3 e ainda terá um novo produto”.
A executiva acredita que muitos consumidores deverão se encantar com a versatilidade e o espaço interno prometidos pelo C3 Aircross.
“O Aircross será o único B-SUV com a terceira fileira removível e a possibilidade de sete lugares. Vamos ter as versões de cinco e sete lugares sempre pensando na acessibilidade. E o mais legal da terceira fileira é a versatilidade: você pode ter cinco lugares e um amplo espaço no porta-malas removendo a terceira fileira por completo ou utilizá-lo com seis ou sete lugares”.
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Vanessa acredita que o carro poderá atender uma parcela considerável de clientes que apreciam as virtudes de um SUV compacto e precisam de espaço interno, mas ainda não tem condições de comprar as atuais opções para sete passageiros no mercado.
“Foi-se a época em que o consumidor precisava se adaptar ao produto. As soluções de mobilidade devem atender às necessidades do consumidor no dia-a-dia”, diz Vanessa Castanho.
Marca celebra ascensão do C3
Embora ainda esteja longe da briga pela liderança, o novo C3 vem crescendo no segmento dos “B-Hatches”. Em julho, teve mais de 3 mil unidades comercializadas. Vanessa, inclusive, acredita que os incentivos concedidos pelo governo federal contribuíram para a popularização do modelo.
“A performance do novo C3 já vinha sendo muito boa (antes da concessão dos descontos), e mais clientes enxergaram essa oportunidade (de conhecer e comprar o veículo). Em junho fechamos como top 5 no segmento e, em algumas praças super competitivas, como no Rio de Janeiro, estamos no top 4. Então tudo isso mostra que estamos no caminho certo”, analisou.
Na linha 2024, o novo C3 trouxe duas novidades: a abertura elétrica da tampa do tanque de combustível (dispensando o uso da chave) e um novo aplique no painel de instrumentos. Embora a Citroën não confirme, mudanças como essas costumam ser realizadas após a realização de pesquisas com consumidores.
“Todo carro quando é lançado já conta com sua estratégia de ciclo de vida, e isso passa por ano/modelo, séries especiais e pacotes de acessórios. Além disso, existe um olhar muito extremo sobre o que o consumidor diz. Temos pesquisas com clientes que compraram o C3 e os outros produtos, e entendemos o que todos gostam, o que alguns gostam e alguns pontos que precisamos alterar. É algo normal. Então, apesar de termos um nível de satisfação muito bom, um ou outro ponto que precisa de melhoria é considerado no ciclo de vida do produto”.
Terceiro produto da estratégia C-Cubed será ‘inovador’
No fim de 2021, a Citroën anunciou o plano estratégico Citroën 4All. Além de representar um reposicionamento da marca, ele se baseia na estratégia C-Cubed, que prevê o lançamento de três produtos inéditos na América do Sul em três anos.
O primeiro deles foi o novo C3 e o segundo será o C3 Aircross. O último estreia em 2024 e há rumores de que será um SUV cupê nos moldes de um Fiat Fastback.
Perguntada sobre o terceiro produto da gama, Vanessa não revelou muitos detalhes.
“Vamos ter um produto que dá grande importância ao design, inovador dentro do segmento e que tenha acessibilidade aos nossos clientes”, disse Vanessa.
Expectativa da Citroën é superar números de 2022
Até o momento, a Citroën apresenta resultados superiores aos de 2022.
De janeiro a julho deste ano, a marca emplacou 16.428 veículos, que lhe garantiu participação de 1,8% no mercado de automóveis de passeio. Somando os resultados de automóveis e comerciais leves, a Citroën chega a 17.578 unidades e participação de 1,53%.
Como referência, a fabricante apresentava um resultado bem mais modesto no ano passado – quando só tinha o C4 Cactus como carro de passeio à venda. Entre janeiro e julho de 2022, a Citroën licenciou 11.470 unidades e tinha 1,4% do mercado de automóveis de passeio. Contabilizando os automóveis e comerciais leves, os números eram de 13.272 unidades licenciadas e 1,30% de participação de mercado.
Diante desses resultados, Vanessa acredita que a Citroën tem condições de fechar 2023 com resultados melhores do que no ano passado.
“Estamos felizes com o sucesso do C3 e a boa aceitação após a revelação do Aircross, e temos certeza que o próximo modelo vai cair no gosto do consumidor. São produtos pensados para a região (da América do Sul) e feitos com uma análise do perfil do consumidor para atender suas necessidades. Nossa preocupação é cuidar do cliente não só no momento da compra, mas também na utilização do produto, que é algo que os clientes sempre se preocupam quando compram um carro. É por tudo isso que não tenho dúvidas de que vamos continuar evoluindo”.