Marca chinesa sacrifica margens ao mesmo tempo em que prepara cadeia de fornecedores na Bahia
Custo/benefício sempre foi a arma de montadoras chinesas desde que aportaram aqui na segunda metade da década de 2000. Acontece que os primeiros carros tinham qualidade questionável. Agora, os preços agressivos como os da BYD dizem respeito a veículos com muito mais tecnologia e elétricos.
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O Seal é o mais recente exemplo dessa estratégia da marca. Um cupê esportivo zero combustão, de 531 cv, com carregador Wallbox incluso por R$ 296.800 – mais barato que modelos como BMW 320 e Mercedes-Benz Classe C… a combustão.
De quebra, a fabricante ainda estendeu o plano de revisões grátis por cinco anos para este e todos os elétricos da marca à venda no Brasil – inicialmente, a oferta foi apenas para o Dolphin. A lógica é desmistificar o carro elétrico para o brasileiro e passar mais confiança para o consumidor.
Mas como fica a “gordura” com as vendas destes carros elétricos? Henrique Antunes, diretor comercial da BYD, reconhece que é preciso sacrificar as margens. Mas tudo por um objetivo maior: ser dominante no segmento de EVs no Brasil.
“Conseguimos preço competitivo com dois pilares. Primeiro, pela nossa capacidade produtiva, que nos dá escala”, ressalta o executivo. “Segundo, o mercado brasileiro é uma prioridade. A BYD quer ser protagonista nesse mercado e repetir no Brasil o que fez na China. Mesmo que, para isso, reduza margens”, completa.
A nova fábrica do Seal, na China, é um exemplo da escala citada. A linha onde é feito também o SUV Yuan, tem capacidade para 500 mil unidades/ano. O que ajudou a BYD a fechar 2022 na liderança de vendas em seu país e a crescer 200% no primeiro semestre.
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Os primeiros passos da BYD na Bahia
Depois de anunciar a compra da fábrica da Ford em Camaçari (BA) e um novo centro de pesquisa e desenvolvimento em Salvador, a BYD inicia uma contagem regressiva para produção no Brasil. A ideia é iniciar a fabricação de veículos no começo de 2025.
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Equipes da montadora já visitaram a unidade de Camaçari para avaliar a estrutura. Segundo Alexandre Baldy, conselheiro da BYD, o lay out da fábrica será todo mudado, mas a estrutura de prédios será mantida e haverá expansão da área física da planta.
Ao mesmo tempo, a BYD corre para estabelecer uma rede de fornecedores local. Baldy afirma que serão necessários de 180 a 240 dias para ter essa cadeia estabelecida. “Falamos de fornecedores inclusive para o híbrido flex que será produzido”, pontua o executivo.