Tesla cria novo sistema de produção

Método, que usa ferramental maior, pode reduzir pela metade custo de produção de um carro elétrico

Redacao AB

Redacao AB

Método, que usa ferramental maior, pode reduzir pela metade custo de produção de um carro elétrico

Imagem de Destaque

A Tesla desenvolve um novo sistema de produção que pode reduzir pela metade os custos com a fabricação de seus carros elétricos. 

Uma nova tecnologia permitirá à montadora fundir quase toda a complexa parte inferior da carroceria de um veículo elétrico em uma única peça. No carro convencional são cerca de 400 peças nesta área da carroceria. 

O Lego da Tesla?

O know-how é fundamental para a estratégia de fabricação “unboxed” da Tesla, revelada pelo CEO Musk em março, um eixo de seu plano de produzir dezenas de milhões de veículos elétricos mais baratos na próxima década e ainda obter lucro.


– Faça a sua inscrição no #ABX23 – Automotive Business Experience


Embora a Tesla tenha dito que seu modelo envolve a produção de grandes subconjuntos de um carro ao mesmo tempo e depois juntá-los, o tamanho e a composição dos blocos modulares ainda são objeto de especulação.

Terry Woychowski, presidente da empresa de engenharia norte-americana Caresoft Global, afirma que se a Tesla conseguisse fundir a maior parte da parte inferior de um EV, isso mudaria a forma como os carros são projetados e fabricados.


VEJA MAIS:– Tesla quer montar 500 mil elétricos por ano na Índia– Tesla no centro de várias investigações nos EUA


“Tem uma enorme implicação para a indústria, mas é uma tarefa muito desafiadora”, disse Woychowski, que trabalhou para a montadora norte-americana GM por mais de três décadas. “Fundições são muito difíceis de fazer, especialmente as maiores e mais complicadas.”

Duas das fontes ouvidas pelo Automotive News disseram que as novas técnicas de design e fabricação da Tesla significam que a empresa poderiá desenvolver um carro do zero de 18 a 24 meses. A maioria dos rivais atualmente leva de três a quatro anos.

Uma única estrutura grande – combinando as seções dianteira e traseira com a parte inferior da carroceria central, onde a bateria está alojada – poderia ser usada no veículo compacto que a Tesla pretende lançar por um preço de US$ 25 mil até meados da década.

Esperava-se que a Tesla tomasse uma decisão sobre fundir a plataforma inteira já em setembro de 2023, disseram três das fontes. Mesmo assim, o produto final poderá mudar durante o processo de validação do projeto.

Nem Tesla e nem Elon Musk, CEO da companhia, se manifestaram sobre a reportagem. 

Criar moldes grandes traz inúmeros risco ao projeto

A inovação da Tesla se concentra na forma como os moldes gigantes para uma peça são projetados e testados para produção em massa. E como as peças fundidas podem incorporar chassis auxiliares ocos com nervuras internas para reduzir o peso e aumentar a resistência a colisões.

Em ambos os casos, as inovações, desenvolvidas por especialistas em design e fundição na Grã-Bretanha, Alemanha, Japão e EUA, envolvem impressão 3D e areia industrial. 

Até agora, as montadoras têm evitado fundir estruturas cada vez maiores por causa do “dilema do gigacast”: criar moldes para fazer peças de 1,5 m² ou mais aumenta a eficiência, mas tem alto custo e traz inúmeros riscos.

Custo menor nos ajustes do ferramental

Depois de pronto o ferramental, os ajustes de usinagem durante o processo de projeto requerem investimentos de US$ 100 mil, por tentativa. E refazer o molde por completo pode custar US$ 1,5 milhão, de acordo com um especialista em fundição.

Outra fonte disse que todo o processo de design de um grande molde de metal normalmente custa cerca de US$ 4 milhões.

Isso foi considerado proibitivo pelas montadoras – especialmente porque um projeto pode precisar de meia dúzia de ajustes ou mais para alcançar uma matriz perfeita do ponto de vista de ruído e vibração, ajuste e acabamento, ergonomia e resistência a colisões.

Mas a visão de Musk desde o início era encontrar uma maneira de moldar a parte inferior da carroceria inteira, apesar dos riscos.

Tesla usa impressão 3D e areia para molde

Para superar os obstáculos, a Tesla recorreu a empresas que fabricam moldes de teste a partir de areia industrial com impressoras 3D.

De acordo com uma fonte, o custo do processo de validação do projeto com fundição em areia, mesmo com múltiplas versões, é mínimo – apenas 3% de fazer o mesmo com um protótipo de metal.

Isso significa que a Tesla pode ajustar protótipos quantas vezes forem necessárias, reimprimindo um novo em questão de horas. 

O ciclo de validação do projeto usando fundição em areia leva apenas de dois a três meses, em comparação com algo entre seis meses a um ano para protótipos de moldes de metal.