É o primeiro presidente da história do país norte-americano a participar de uma manifestação operária
Uma greve que já era histórica por ter sido executada simultaneamente em mais de uma fábrica nos Estados Unidos, se tornou na terça-feira, 26, ainda mais histórica com a adesão de um presidente da república ao piquete organizado pelos trabalhadores em Detroit.
Joe Biden, que se autodenomina o presidente mais pró-sindicato de todos os tempos, falou aos grevistas via megafone. O presidente dos EUA afirmou que as montadoras têm se saído incrivelmente bem, e que os trabalhadores também deveriam estar incrivelmente bem.
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Ainda que o mandatário tenha lá o seu apreço pela causa operária, vale lembrar que Biden está em corrida pela sua reeleição. E aderir a uma causa que ganhou força e proporção nos EUA é algo, portanto, estratégico do ponto de vista eleitoral.
O sindicato UAW parece estar atento a esse movimento e decidiu adotar um comportamento isento tanto ao apoio de Biden, quanto ao do seu concorrente à cadeira de presidente, Donald Trump.
No piquete em que esteve Biden, em uma unidade da General Motors, Shawn Fain, presidente do sindicato, recusou o endosso da entidade à candidatura à reeleição de Biden, ainda que tenha afirmado sentir apreço pelo apoio do presidente.
“Sabemos que o presidente fará o que é certo pela classe trabalhadora”, disse Fain na oportunidade.
Fain convidou Biden para o piquete na semana passada, quando ampliou a greve contra GM e Stellantis. A Ford foi poupada de greves adicionais depois que foi relatado progresso na mesa de negociações.
O mundo agora aguarda a presença de Trump em uma manifestação na quarta-feira, 27. O curioso é que a sua aparição se dará em uma empresa fornecedora das montadoras que não é sindicalizada. À CNN, Fain não perdoou: “Acho isso uma ironia patética”.