Comodidades tecnológicas aliadas à segurança e conforto transformaram o segmento que mais vende no Brasil. E isso não é ruim
O carro popular sempre foi o queridinho dos brasileiros. Acessível, disponível nas maiores marcas e com ampla variedade de versões, esses modelos venderam milhões de unidades ao longo dos anos.
Mas não é de hoje que os brasileiros se espantam ao ver que os preços dos “populares” deram um salto, e não estão mais tão populares assim quando o assunto é o bolso. Só que isso tem algumas explicações.
Nos últimos anos, 47 evoluções normativas foram aplicadas na indústria, trazendo diversas obrigatoriedades nos modelos, como a implantação de Airbag e ABS, por exemplo. E com a natural evolução tecnológica, outros itens também puderam ser incorporados, como sistemas multimidia e conexão com smartphones, itens que hoje são essenciais e poucos abrem mão dessa conectividade.
“Não vai mais existir o carro popular como nós conhecemos no passado.” A frase de Marcelo Pereira, diretor da Ipsos, pode até assustar e torcer o nariz daqueles que sonham em ter seu primeiro carro zero quilômetro.
Mas o que os especialistas ponderaram no #ABX23 – Automotive Business Experience, principal evento do ecossistema automotivo e da mobilidade, que aconteceu em 20 de setembro, em São Paulo, vai fazer você repensar e até mesmo não abrir mão de novos confortos que esses populares estão agora recheados.
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Um dos carros mais “populares” do Brasil, em ambos os sentidos da palavra, o Volkswagen Fusca de 1994 custaria hoje R$ 76 mil, apenas com a correção pelo IGPM e sem nenhum dos itens de conforto e segurança que equipam os modelos atuais.
Pereira defende que a expressão “carro popular” seja agora interpretada como “carro de entrada”. “Hoje as pessoas esperam muito mais do produto, querem qualidade, tecnologia e segurança. Se for imaginar em voltar ao que era o passado, um carro que não tinha um rádio, que não tinha ar-condicionado, não é mais o que o nosso consumidor espera.”
“Temos que pensar em carro popular como sendo carro acessível”, afirma Fernando Silva, diretor de vendas da Volkswagen do Brasil. “Hoje o consumidor busca um carro que caiba dentro do orçamento e que traga os benefícios que hoje um carro entrega.”
Zero x Usado
Com o mercado de seminovos aquecido e os modelos tendo, muitas vezes, mais valorização do que desvalorização, o sonho de ter um modelo que acabou de sair da fábrica ainda é latente para os brasileiros.
“O consumidor tem o desejo, mas hoje ele tem um pé no chão muito grande. Ele vai fazer caber no orçamento para não se endividar tanto”, garante Marcelo.
Segundo os especialistas, o Governo tem um papel fundamental. O plano feito há alguns meses foi benéfico, mas pontual.
“Baixou o imposto, mas o carro em si é o mesmo. Quando começamos a falar em uma política como foi o carro popular há anos atrás, com especificação de motorização, tem uma composição de preço e imposto diferente. Assim dá às empresas a capacidade de saber o quanto investir, por quanto tempo e com produtos que serão desenvolvidos do zero, pensando naquela oferta. É necessário mais previsibilidade, o que reflete também para os consumidores poderem se planejar”, explica Fernando.
Eletrificados populares
Para os especialistas, na medida que essas novas tecnologias forem sendo mais difundidas, haverá escala de produção e, consequentemente, redução de preços. “A partir do momento em que as tecnologias estejam acessíveis, teremos um impacto financeiro muito menor para adaptar isso para qualquer segmento, inclusive, para os populares”, destaca Marcelo.
“A Volkswagen acredita que, necessariamente, isso passe pelos híbridos. Então, sobretudo em segmentos como de entrada, em que as pessoas vão levar em conta também o impacto da infraestrutura nacional para poder abastecer seus veículos, o híbrido se faz necessário.”
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