GM defende prorrogação do imposto zero para carros elétricos

Fabricante diz que medida poderia ser mantida até vendas atingirem 5% do mercado brasileiro

Vitor Matsubara

Vitor Matsubara

Fabricante diz que medida poderia ser mantida até vendas atingirem 5% do mercado brasileiro

Imagem de Destaque

A General Motors acredita que o governo brasileiro poderia manter o imposto zero para importação de carros elétricos. Pelo menos até o segmento atingir um volume equivalente a 5% das vendas no país.

Essa marca representaria aproximadamente 100 mil veículos. O fim da isenção incentivos para modelos zero combustão tem sido motivo de debate entre fabricantes no país.

“Cinco por cento é o ‘número mágico’. Se a gente pensar em vários países que já tiveram crescimento (nas vendas de elétricos), esses cinco por cento foram determinantes. Então, seria bom olhar para esse número baseado em casos de sucesso internacional. Até porque não é só uma empresa que está trazendo (carros), são várias. Até lá a gente precisa de incentivo para o mercado crescer”, afirmou Daniel Caramori, gerente de assuntos institucionais da General Motors. 

A medida seria uma forma de fomentar as vendas dos veículos movidos a eletricidade, uma vez que a própria GM admite que o segmento ainda é pouco expressivo para pensar em “alguma condição diferenciada”.


VEJA MAIS:– GM vai investir US$ 25 bilhões em nova geração de carros elétricos– GM quer aumentar produção de carros elétricos, mas cortará 200 empregos


Em setembro, o setor de carros elétricos respondeu por 1% das vendas de veículos novos no Brasil – o maior volume desde o início da comercialização deste tipo de veículo por aqui. No acumulado do ano, esse número é ainda menor: 0,5%.

“O mercado ainda é muito pequeno para falarmos em fechar o mercado para importação. Precisamos ter um pouco mais de tempo para importar mais veículos e fazer crescer o mercado”, complementou Caramori.

A GM, por meio da Chevrolet, é uma das maiores defensoras do carro elétrico como futuro em todos os mercados onde está presente, inclusive no Brasil.

Apesar de admitir a importância do etanol como “ferramenta importante para descarbonização”, mesmo sem a GM ter planos de investir na tecnologia híbrida flex, Caramori frisou que a empresa já escolheu seu caminho. 

“Não podemos deixar a eletrificação de lado, especialmente porque, se o mercado mundial vai para esse caminho, a gente corre o risco de ficar fora desse mercado”.

Previsibilidade é ‘alicerce’ para novos investimentos

Perguntado sobre o anúncio do Mobilidade Verde e Inovação, o executivo admitiu que espera pela publicação da nova fase do Rota 2030 em breve. Algo que, em sua visão, seria essencial para pensar nos próximos passos.

“A discussão sobre isso seria benéfica para estabelecer as bases. Um plano de investimento nasce a partir disso, então o Mobilidade Verde seria o alicerce”.

Seguindo essa linha, Daniel ressaltou que o governo precisa assegurar maior previsibilidade para que as montadoras possam justificar investimentos junto à matriz.

“A previsibilidade começa na política automotiva e vai até os impostos de importação. O governo precisa estabelecer regras claras para que a gente saiba onde colocar nossos investimentos, o que fazer e onde nos encaixamos”, analisou.

Executivo diz que incentivos ao Nordeste não desenvolve a região

Daniel também aproveitou a ocasião para se mostrar contrário a uma eventual renovação dos incentivos às montadoras instaladas do Nordeste. Atualmente em vigor até 2025, ele pode ser estendido até 2032.

“Temos uma reforma tributária a caminho e ela nasce com a ideia de remover as simetrias e ampliar a competitividade dos setores. Essa discussão sobre a prorrogação do incentivo ao Nordeste é justamente o contrário do que a reforma prevê. Ele não traz mais desenvolvimento para a região e está causando uma distorção na competitividade dos negócios no Brasil”.

O executivo reiterou que a discussão não é exclusiva do setor privado. “Envolve os próprios estados e municípios, que acabam perdendo essa arrecadação. O próprio estado do Pernambuco acaba perdendo porque, a partir do momento em que esses impostos federais não são arrecadados, todos os estados deixam de receber do fundo de participação dos estados e dos municípios”, ponderou.

“É algo que fica muito concentrado em uma única empresa e em uma única região, enquanto o próprio estado não recebe sua fatia da participação”, concluiu o executivo.