Montadoras e fornecedores usam a base de dados para desenvolver serviços e novos processos de produção
A conectividade e uso de dados são elementos fundamentais para a condução dos negócios do setor automotivo atual, que está cada vez mais tecnológico.
Este foi o tema do painel “Os desafios da qualidade para a transformação digital nos novos modelos de negócios automotivos”, durante o 9º Fórum IQA da Qualidade Automotiva.
VEJA MAIS:– Rota 2030 vai destinar investimentos de R$ 200 milhões para conectividade veicular– Selo Verde do IQA para aftermarket reúne 200 empresas automotivas
Na questão do carro autônomo, por exemplo, toda a operação é permeada pelos dois pilares. Participante do debate, Gisele Tonello, da General Motors, afirmou que não há como existir veículo autônomo sem a conectividade.
“A comunicação veículo a veículo e veículo com a infraestrutura depende exclusivamente da conectividade”, afirmou a executiva, que citou o sistema OnStar, sistema da montadora que gerencia 22 milhões de clientes no mundo.
Conectividade a serviço das frotas de pesados
Para Fernando Cusin, executivo de qualidade da Iveco, a malha de dados tem que estar inserida em um contexto para ser considerada útil. E é isso que gera elementos para os carros “andarem sozinhos” no futuro.
“As informações dentro de um contexto, de um proposito, geram conhecimento. Isso é a base das tomadas de decisão que os veículos vão ter de forma autônoma”, afirmou Cusin.
Na Iveco, por exemplo, há um sistema em que os veículos são monitorados em tempo real, e que identifica possíveis falhas na operação. No Iveco On, que é oferecido aos compradores do caminhão S-Way, tem telemetria integrada e sistemas de gestão de frota.
Desde janeiro, quando foi lançado o caminhão, 1 mil veículos rodam com a solução. A meta, segundo Fernando Cusin, é oferecer a plataforma para toda o portfólio da Iveco no Brasil.
“Comparamos a performance do caminhão em campo com os testes feitos com o modelo e isso gera alertas se os dados estiverem diferentes. Somando os dados, podemos identificar que o operador pode estar diante de uma falha grave. E, neste momento, tomamos decisões junto ao cliente. A conectividade aliada à inteligência artificial vai gerar uma qualidade muito grande nos veículos”, defendeu.
Fornecedores também recorrem à base de dados
Do lado do fornecedor, o dado está muito ligado à qualidade das peças que produzem e desenvolvem, e na operação da fábrica. Para Gustavo Mwosa, presidente da autopeça Paranoá, deter os dados é fundamental para manter a operação fabril.
“Não adianta monitorar a máquina se não apropriar o dado à peça. Digitalização é um termo muito perigoso e pode induzir ao erro. Temos que ter em mente que o que importa não é somente saber quando o motor vai quebrar, e sim o porquê ele está com defeito. Só se consegue isso se tiver essas informações em uma única base de dados na empresa”, disse o executivo.
Brasil vai abraçar todas as rotas tecnológicas
Durante a abertura do evento, o presidente do Sindipeças, Claúdio Sahad, afirmou que o Brasil está preparado para abrigar as mais diversas rotas tecnológicas, exatamente pela expertise em qualidade do setor automotivo.
“Enquanto alguns países possuem uma ou duas cartas, o país tem o baralho inteiro. Somos capazes de produzir e desenvolver todas as tecnologias para a descarbonização. Estamos preparados”, ressaltou Sahad.
Já para Marcus Saltini, vice-presidente da Anfavea e da Volkswagen Caminhões e Ônibus, o papel da qualidade neste tempo de transformação das rotas tecnológicas será grande para manter o padrão que hoje temos em nossos veículos.