Veto de incentivo a elétricos em SP vai na contramão do mundo, diz ABVE

Para entidade, a eletromobilidade não desestimula investimentos em combustíveis como etanol e biodiesel

Ana Paula Machado

Ana Paula Machado

Para entidade, a eletromobilidade não desestimula investimentos em combustíveis como etanol e biodiesel

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Após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, vetar o Projeto de Lei (PL) para reduzir a alíquota do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para carros elétricos, a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) reagiu. A entidade disse que a medida vai na contramão mundial da via tecnológica de combate às mudanças climáticas.

Ao vetar o PL, o governador enviou à Assembleia Legislativa paulista um novo texto em caráter de urgência. Nele, propõe isenção “exclusivamente para veículos a hidrogênio e híbridos com motor elétrico ou com motor a combustão que utilize alternativa ou exclusivamente etanol”.


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Se aprovada, a medida valerá entre 2024 e 2025 para automóveis que custem até R$ 250 mil. Depois, esses modelos passarão a pagar gradualmente imposto de 1% a 4% entre 2026 e 2029.

“Para a ABVE, o crescente número de emplacamentos de veículos leves elétricos e híbridos nos últimos anos prova que o consumidor brasileiro aposta cada vez mais em produtos modernos e sustentáveis, daí os investimentos no setor”, afirmou a associação, em nota.

PL não priorizava produção de etanol

Hoje, os estados que têm benefício isenção ou redução para elétricos, híbridos e fontes alternativas de energia são Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. 

Na justificativa para o veto enviado à Alesp, o governador afirmou que a proposta “está em descompasso com o vigor da produção do etanol e com as perspectivas de utilização do biometano produzido no Estado”. O PL também contempla ônibus e caminhões. 

“A ABVE ressalta que a eletromobilidade não é incompatível com o setor de biocombustíveis. Ao contrário, ela se soma a uma vocação já consolidada da indústria brasileira e potencializa os benefícios de uma das matrizes de geração de eletricidade mais sustentáveis do planeta”, afirma a entidade.

Investimentos em eletromobilidade em SP

“Não faz sentido as autoridades dos principais estados do país criar insegurança a empresas que já se comprometeram a gerar empregos de qualidade e trazer inovação tecnológica para a indústria brasileira”, disse o presidente da ABVE e diretor de relações institucionais da GWM, Ricardo Bastos.

A chinesa GWM comprou as instalações da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) para a produção de carros elétricos. A empresa anunciou, no ano passado, investimentos de R$ 10 bilhões até 2032. 

Segundo a companhia, a fábrica será totalmente automatizada e poderá produzir 100 mil veículos por ano.