Companhia já entregou 160 veículos desde o início do contrato e a intenção era de compra de 1,6 mil unidades do caminhão elétrico
A Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) deve retomar as vendas do seu caminhão elétrico para a Ambev no próximo ano. Segundo o vice-presidente de vendas da companhia, Ricardo Alouche, da intenção de compra de 1,6 mil unidades, assinada em 2019, a montadora entregou 160 veículos.
“Esperamos retomar as vendas. No início deste ano, com a falência da Americanas, a Ambev suspendeu a compra”, disse Alouche. Segundo ele, já existem cerca de 450 e-Delivery em operação no Brasil e já há, pelo menos, dois veículos em demonstrações na Argentina, Colômbia, Uruguai, México e Chile.
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O executivo ressaltou que com a queda do mercado de caminhões no Brasil este ano, em razão da entrada do Euro 6, as vendas de veículos pesados elétricos também foram afetadas.
“Mas estamos observando uma retomada gradativa dos negócios também dos caminhões elétricos”, disse.
Além do e-Delivery, Alouche ressaltou que a companhia já testa o seu ônibus elétrico na cidade de São Paulo.
“Estamos qualificando o nosso veículo dentro do padrão que a capital paulista exige. No próximo ano, a expectativa é de que podemos iniciar as vendas”, disse o executivo. “Mas, é bom ressaltar que é impossível se remunerar o operador com a tarifa do diesel. Tem de haver um incentivo a mais para o transportador.”
Pelo programa da capital paulista, a renovação de frota só poderá ser feita com veículos com tecnologias menos poluentes, que inclui elétricos e motores a gás e biocombustíveis. “Veículos elétricos serão uma alternativa viável no transporte de passageiros e também na carga urbana. Não tem volta”, disse Alouche.
Veículo elétrico x incentivos
Para Roberto Cortes, presidente da VWCO, a popularização do veículo elétrico no Brasil passa por incentivos tanto para a compra como para a sua operação.
“Sem uma política pública no país, vai ser difícil emplacar o veículo elétrico no mercado brasileiro. Acredito que o desenvolvimento desse mercado deve demorar, pelo menos, duas vezes o que ocorre na Europa”, afirmou Cortes.
Segundo ele, um dos obstáculos para as vendas de veículos elétricos é justamente o preço. “Ainda não temos uma escala de produção desses veículos e isso os torna mais caro que os caminhões a diesel. E isso vem com o tempo. Um dia o elétrico será mais barato”, disse Cortes.
Custo alto das baterias afeta o preço
O executivo ressaltou que o custo da bateria de um caminhão elétrico, por exemplo, equivale a quase o preço de um veículo com motor diesel. “A indústria nacional não tem fornecedor local de baterias e isso torna o caminhão caro. Dentro do nosso consórcio modular para a produção do e-Delivey fizemos uma parceira com a Moura e a CATL, mas temos que importar as células”, disse Cortes.
Para ele, tão importante quanto a concessão de benefícios para elétricos, é acabar com os “desincentivos”, como o fim da isenção do Imposto de Importação (II) para veículos eletrificados já a partir de 2024. No caso de caminhões, em janeiro a alíquota para importados será de 20% e em julho volta a cobrança total do imposto, 35%.