5 provas da importância dos comerciais leves para as montadoras no Brasil

Veículos para o trabalho evoluem em conforto e segurança para atender ao público das vendas diretas

Vitor Matsubara

Vitor Matsubara

Veículos para o trabalho evoluem em conforto e segurança para atender ao público das vendas diretas

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Faz um bom tempo que os comerciais leves deixaram de ser coadjuvantes na indústria nacional. Não é difícil entender o motivo: são eles os responsáveis pela maioria das vendas diretas, que se tornaram um recurso poderoso para turbinar o número de emplacamentos e alavancar a lucratividade de uma montadora de carros.


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Dados da Fenabrave indicam que 66,7% dos emplacamentos registrados de janeiro a dezembro do ano passado foram realizados por meio das vendas diretas. Essa proporção chega à metade do montante total (49,5%) ao somar os números de automóveis de passeio e comerciais leves.

Isso faz as montadoras voltarem boa parte de seus esforços em ferramentas específicas, como campanhas de varejo, promoções e até a criação de departamentos exclusivos para atender a este público. Especialmente para a categoria de comerciais leves, que inclui picapes, chassis-cabine, furgões e vans.

Automotive Business lista a seguir cinco fatores que mostram a importância dos comerciais leves no resultado das montadoras.

1. Criação de divisões especiais de comerciais leves

Não há como negar a importância dos comerciais leves no resultado das montadoras. A líder de mercado Fiat tem uma presença bastante robusta e muita tradição no setor. No ano passado, a fabricante ficou com quase 35% do volume de comerciais leves registrado em 2024. 

Algumas marcas até criaram divisões especiais para atender ao cliente de veículos comerciais. A Fiat tem o Professional, enquanto a Renault mantém o Pro+ e a Ford Pro atende aos donos da linha Transit e da versão de entrada da Ranger, cujo foco está nos frotistas. 

2. Novas versões para um público maior

De uns anos para cá, as montadoras notaram a possibilidade de investir em um nicho quase inexplorado. Assim nasceram as versões de veículos comerciais leves que podem ser dirigidas por qualquer motorista com carteira de habilitação categoria B – a mesma exigida para conduzir um automóvel de passeio. Antes, apenas quem tinha CNH do tipo C em diante podia conduzir vans e outros veículos destinados para o trabalho.

O mercado hoje tem várias opções, como os Mercedes-Benz Sprinter Street e o Sprinter Truck, o Fiat Ducato Cargo e o Peugeot Expert Business Pack e Vitré. Em comum, nenhum deles ultrapassa o peso bruto total (PBT) de 3.700 kg – o limite, que era de 3.500 kg, foi ampliado no fimde 2023. A lotação também não pode ser superior à nove pessoas, incluindo o motorista.

3. Comerciais leves estão mais confortáveis e seguros

Os produtos também estão muito mais seguros e refinados do que algumas décadas atrás. Se antes um carro de trabalho tinha apenas o básico, hoje sobram itens de conforto e segurança.

Um exemplo dessa “nova era” para os comerciais leves é o Fiat Scudo. Fruto de uma parceria firmada com a PSA Peugeot Citroën muito antes da criação da Stellantis, o furgão se aproxima muito a um automóvel de passeio, especialmente na geração atual.

Além de cabine espaçosa e confortável, tem equipamentos como ar-condicionado, central multimídia, sensor de chuva e uma infinidade de porta-objetos.

No dia-a-dia, a boa manobrabilidade faz o motorista pensar que está dirigindo uma picape ou até um SUV de porte grande. Inclusive na hora de entrar em garagens, já que a altura de 1,93 metro permite estacionar em vagas subterrâneas sem medo de não conseguir sair de lá.

O Scudo vem ainda com assistente de partida em rampas, controle de estabilidade, sensor de fadiga e freio a disco nas quatro rodas. A versão elétrica, que se chama e-Scudo, vem da França (onde é fabricado ao lado de Citroën Ë-Jumpy e Peugeot e-Expert) e acrescenta o sistema de frenagem regenerativa, que recupera parte da autonomia de 289 km, segundo o ciclo PBEV do Inmetro.

4. Marcas reforçam gama para aumentar vendas

A boa reputação da Fiat no segmento fez a Stellantis até adiar o lançamento de sua picape média no Brasil. Assim como ocorre em outros mercados da América do Sul, o projeto seria vendido como Peugeot Landtrek. É assim no Uruguai, onde a picape será montada e exportada para o Brasil.

Após a decisão final de oferecê-la com a marca Fiat, até o nome mudou: a Titano será lançada comercialmente na primeira quinzena de março com versões requintadas, mas de olho mesmo nas empresas.

A estratégia de vendê-la como um produto Fiat foi a saída encontrada para a montadora estabelecer um portfólio completo de comerciais leves para quem gosta da marca e precisa de uma picape.

O novo modelo também vai mirar nos frotistas. Não é à toa que protótipos estão sendo testados há meses em mineradoras, um dos maiores públicos compradores de picapes médias de entrada. Também não será surpresa se as locadoras de veículos adquirirem grandes lotes. 

5. Vendas diretas bancam sobrevivência de modelos

Mesmo com todos os esforços e a expertise da Fiat em vender comerciais leves, será quase impossível repetir o êxito da Strada, que emplacou nada menos do que 87.966 unidades no fim do ano passado. Isso representa praticamente 73% dos pouco mais de 120 mil veículos emplacados no total. 

A Volkswagen Saveiro, que conquistou a vice-liderança do ranking de vendas diretas com 44.282 unidades, tem uma dependência ainda maior: 95% do volume total de unidades emplacadas provém desta modalidade de comercialização.